Projetos de GNL dos EUA são impulsionados no Golfo do México como alternativa ao gás russo
Dois anos atrás, a empresa americana de gás natural liquefeito (GNL) Tellurian caiu no mercado de ações, demitindo funcionários em massa e suspendendo seu projeto de terminal de exportação na Louisiana.
Hoje, seu presidente, Charif Souki, se alegra porque investidores e banqueiros “fazem fila na porta” para dizer: “podemos financiar seu projeto?”.
“A demanda e o desejo dos europeus de não depender mais do gás russo são sinais claramente positivos para o mercado. Eles vão ajudar (…) nas decisões finais de investimento” que serão tomadas principalmente no Golfo do México, explica Charlie Riedl , vice-presidente da Associação de Fornecimento de Gás Natural.
Em 8 de março, devido à guerra desencadeada após a invasão da Ucrânia por Moscou no final de fevereiro, os Estados Unidos proibiram a importação de GNL, petróleo e carvão russos. Durante anos, Washington incentivou a Europa a se tornar menos dependente dos recursos energéticos do gigante vizinho.
Atualmente, oito terminais permitem que os Estados Unidos exportem 400 milhões de metros cúbicos de gás por dia e a construção de cerca de 14 novos terminais já foi aprovada pela Federal Energy Regulatory Commission (Ferc).
É o caso do Driftwood LNG, futuro local de liquefação e terminal de exportação de Tellurian, ao sul de Lake Charles, no estado de Louisiana (sul).
Fechado há um ano e meio, o início das obras está programado para o próximo mês. Poderá exportar 100 milhões de metros cúbicos por dia.
“Em princípio, poderemos entregar GNL em 2026” para as petroleiras Shell, Vitol e Gunvor, diz o empresário americano-libanês Charif Souki em entrevista à AFP por ocasião da CERAWeek, a grande feira do setor de energia, em Houston, Texas.
A construção da usina deve acelerar nos próximos meses na Louisiana, onde a Ferc aprovou cinco projetos, mas também no Texas e no Mississippi (sul), onde há sete empreendimentos planejados.
– “Mais rápido do que antes” –
Desde suas primeiras exportações em 2016, a região se tornou o principal porto de embarque de GNL. Uma rede de gasodutos liga esses estados do Golfo do México ao os campos do Sul, as bacias do Permiano e Haynesville, mas também a Marcellus, no nordeste, a maior reserva terrestre do país.
Uma vez na costa, o gás é liquefeito e transferido para os navios de hidrocarbonetos encarregados de exportá-lo, principalmente para a Europa.
Seja pelos múltiplos procedimentos administrativos deste local ou de outra fábrica em construção perto de Nova Orleans, ele acredita que, desde a crise na Ucrânia, as autoridades têm emitido suas autorizações “mais rápido do que antes”.
No entanto, ambientalistas expressam preocupação.
“Aumentar a produção de gás nos Estados Unidos é uma proposta perdedora para as comunidades do Golfo, da Europa e do clima”, estima a ONG ambientalista CIEL.
“O GNL reúne todos os impactos ambientais do gás de xisto, mais as emissões de liquefação, resfriamento e transporte intensivos em energia. Além disso, põe em risco a vida dos habitantes do entorno dos locais de extração e produção e exportação”, denuncia Nikki Reisch, seu diretor de Clima e Energia.