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A flexibilidade nos sistemas elétricos

21.08.2015


O mercado de energia mundial passa por um momento de transição, de larga expansão na capacidade instalada de fontes renováveis, principalmente as fontes eólica e solar. Esta mudança de paradigma, que ocorreu primeiramente em mercados da Europa e Estados Unidos para depois ganhar mercados emergentes como China e Brasil, certamente veio para ficar. No Brasil, a capacidade instalada de usinas eólicas no Sistema Interligado Nacional (SIN) saltará para mais de 22GW dentro de alguns anos. Ainda, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE)sinaliza que haverá forte expansão na oferta de projetos hidrelétricos, principalmente os que utilizam o conceito de fio d’água, ou seja, não possuem reservatórios de acumulação. As demais fontes, como a biomassa, térmicas a gás natural e pequenas centrais hidrelétricas, serão responsáveis pelo atendimento ao complemento da demanda projetada. A inserção maciça de fontes renováveis nas redes elétricas traz impactos que precisam ser conhecidos, estudados e, quando necessário, prevenidos. O sistema brasileiro, de base hidro-térmica, num futuro próximo passará a ter uma grande capacidade instalada de usinas eólicas, que trazem características diferentes do parque gerador atual, como a maior imprevisibilidade e intermitência de curto prazo. Além disso, haverá a diminuição relativa da capacidadede armazenamento hídrico do parque brasileiro e, a cada ano, o sistema perderá sua maior fonte de flexibilidade operacional. Experiências internacionais indicam a necessidade de incremento da flexibilidade em sistemas elétricos com grande expansão de fontes intermitentes. A flexibilidade de um sistema elétrico é medida por sua capacidade de ajuste a mudanças repentinas na geração ou na demanda (consumo a cada momento). Um sistema elétrico com alta flexibilidade operativa é mais amigável à instalação de grandes volumes de energia renovável. Um estudo recente da Agência Internacional de Energia (AIE) indicou as soluções disponíveis atualmente para o incremento de flexibilidade operativa em sistemas elétricos, com especial atenção às usinas flexíveis movidas a gás natural. Quando contratadas para operar em regime de meio-mérito, elas atendem ao consumo entre os picos de demanda e o despacho na base e possuem características dinâmicas especiais, levando apenas dois minutos para partir e chegar a carga máxima, além de operar com rendimento superior a 46% em ciclo aberto e 50% em ciclo combinado, mesmo em situações extremas de operação. São instaladas com o objetivo específico de manter o equilíbrio entre geração e demanda em situações de escassez de recursos ou grande intermitência de geração eólica. Um sistema elétrico eficiente precisa ser confiável, sustentável e acessível aos consumidores. Esse tripé energético somente é obtido quando existe a diversificação entre as diversas fontes e tecnologias de geração, pois os pontos positivos de cada uma se sobressaem a possíveis desvantagens e, dessa forma, consegue-se o melhor funcionamento do sistema como um todo. A construção de um sistema elétrico verdadeiramente flexível é a estrada para maior participação das fontes renováveis na matriz.

Autor: Jornal do Commercio (RJ),

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