Menu

Notícias

Termelétrica e terminal gaseiro darão impulso a Suape

05.11.2015


O governo de Pernambuco transformou a decisão do grupo Bolognesi em construir uma usina termelétrica no Estado em uma nova frente de expansão do Complexo Industrial Portuário de Suape. A ideia é atrair um segundo empreendimento termelétrico e um investidor privado disposto a aplicar por volta de US$ 600 milhões em um terminal onshore de regaseificação (que converte gás liquefeito em gás natural) capaz de processar, no mínimo, 14 milhões de metros cúbicos por dia. "As negociações para esses dois empreendimentos já estão bastante avançadas", afirma Thiago Norões, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e presidente do Complexo Suape. O grupo Bolognesi venceu o leilão de energia A-5 realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em novembro de 2014. Ele se comprometeu a erguer uma termelétrica com capacidade para gerar 1,2 GW, com previsão de entrar em operação em 2019. O investimento é de R$ 3,5 bilhões e as obras de terraplanagem em Suape estão programadas para ter inicio ainda em 2015. A usina deve consumir entre seis e sete milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, a metade da capacidade mínima para viabilizar a construção de um terminal de regaseificação. Segundo Norões, a produção excedente do futuro terminal deve abastecer uma segunda usina térmica de iguais proporções à usina do grupo Bolognesi, com capacidade para gerar 1,2 GW. Uma empresa interessada no investimento está programando sua participação no próximo leilão de energia. O terminal gaseiro, porém, pode ter um porte ainda maior do que 14 milhões de metros cúbicos. Nesse caso, o gás natural excedente pode ser utilizado para viabilizar, no futuro, investimentos petroquímicos. "Suape é estratégico para um terminal gaseiro. Tem localização adequada para receber gás natural importado ou do pré-sal, nesse caso via cabotagem. Está em uma região com demanda para a energia das termelétricas e tem potencial para o desenvolvimento de indústrias petroquímicas", afirma. O complexo industrial de Suape, erguido no entorno do Porto de Suape, entre os municípios de Ipojuca e Santo Agostinho, soma um conjunto de quase 200 empresas, sendo 175 em operação e as demais em processo de instalação. Pelos cálculos do governo do Estado, os investimentos privados no complexo somam por volta de R$ 50 bilhões, sendo mais de dois terços realizados após 2007. Em 2012, o complexo respondeu por quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) pernambucano. Mas de indutor do crescimento do Estado, passou à condição de incógnita em 2014, quando a Petrobras, em crise, cancelou investimentos e comprometeu três das principais empresas do complexo. A Refinaria Abreu e Lima, que teve suas obras paralisadas antes de concluída, mantendo uma operação de refino de 74 mil barris por dia, quando o previsto era processar 230 mil barris. A Petroquímica de Suape também opera parcialmente, tendo suas instalações para a produção de ácido tereflático (PTA) concluída, insumo para a produção de poliéster têxtil e resina PET. A unidade de produção de PET também foi concluída, e está operando, o mesmo não ocorre com a unidade de filamento POY, usado em tecelagem e malharias. A crise na Petrobras também afetou as encomendas de navios ao Estaleiro Atlântico Sul. A Petrobras, em seu plano de negócios, informa que retomará as obras na refinaria, investindo US$ 1,4 bilhão até 2019. "Essa retomada é fundamental, incentiva a construção civil e o polo metal mecânico no Estado e dá novo fôlego a Suape", afirma o governador Paulo Câmara (PSB). A terceira fonte de expansão de Suape prevista pelo governo estadual são os investimentos programados para o porto. No primeiro semestre, o Porto de Suape movimentou 10,4 milhões de toneladas de produtos, o que o posicionou como o primeiro do Nordeste e o quinto entre os 37 portos públicos do país, sendo o segundo maior em granéis líquidos. A capacidade de movimentação de mercadorias deve ser significativamente ampliada nos próximos anos. Um novo terminal de açúcar foi licitado para a Agrovia e Odebrecht. Os investimentos de R$ 140 milhões estão previstos para começar ainda em 2015. E estão previstos no Programa de Investimentos em Logística (PIL) do governo federal a concessão para um segundo terminal de contêineres, um investimento de R$ 1 bilhão e de um terminal de grãos e trigos, de R$ 40 milhões. Para o futuro, o governo estadual também programa um novo terminal de granel sólido, para movimentar as mercadorias provenientes da Transnordestina. "Temos investidores interessados para todos esses projetos, o que é preciso apenas é o governo federal definir os critérios e cronograma das concessões", diz Thiago Norões.

Autor: Valor Econômico

« VOLTAR