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Dá para estocar vento? Mais ou menos

24.11.2015


A presidente Dilma Rousseff virou alvo de piadas ao levantar a possibilidade de “estocar vento” das usinas eólicas durante entrevista no fim de setembro na sede da ONU, em Nova York. O que a presidente realmente quis dizer no truncado discurso (ver no quadro) é algo que só ela pode responder, mas o episódio levantou outra questão: é possível armazenar vento para gerar energia? O vento em si (deslocamento de ar por diferença de pressão), não. Mas o ar, sim. Atualmente, duas usinas guardam ar comprimido em cavernas. Uma é a Huntorf (321 MW), na Alemanha, em funcionamento desde 1978. A outra é a McIntosh (110 MW), no Alabama, Estados Unidos, operacional desde 1991. As térmicas a gás injetam o ar em cavernas quando há sobra de energia e o liberam nos horários de pico, o que movimenta as turbinas e gera eletricidade. Esse sistema poderia ser, em tese, usado em parques eólicos, mas não seria simples. A prova é que nenhuma outra usina do tipo foi construída até hoje. Entre os motivos estão: alto custo, poucos fornecedores e a falta de cavernas ideais para armazenamento. Uma opção seria armazenar o ar no fundo do oceano. É o que pretendem as canadenses Hydrostor e Thin Red Line Aerospace. A idéia é simples, mas de execução complexa. Um balão flexível é colocado no fundo do mar. No momento em que a energia está sobrando, bombeia-se vento, inflando o balão. No horário de pico, a pressão submarina empurra o ar de volta, acionando a turbina, gerando eletricidade. Fornecedora da NASA, a Thin Red Line desenvolve o protótipo “Energy bag” (foto). Já a Hydrostor estuda um sistema formado por diversos balões, acoplados a válvulas. A tecnologia precisa superar obstáculos para se tornar comercial. Um é o alto custo. Outro, a segurança. Além do impacto ambiental, um enorme balão no fundo do oceano poderia derrubar navios caso se soltasse. Armazenar ar, portanto, não é uma idéia absurda, mas ainda está longe de se tornar viável, especialmente em escala que faça diferença para o sistema brasileiro. O discurso polêmico “(...) até agora, a energia hidrelétrica é a mais barata, em termos do que ela dura com a manutenção e também pelo fato da água ser gratuita e da gente poder estocar. O vento podia ser isso também, mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia que seja capaz de na eólica estocar, ter uma forma de você estocar, porque o vento ele é diferente em horas do dia. Então, vamos supor que vente mais à noite, como eu faria para estocar isso? Hoje nós usamos as linhas de transmissão, você joga de lá para cá, de lá para lá, para poder capturar isso, mas se tiver uma tecnologia desenvolvida nessa área, todos nós nos beneficiaremos, o mundo inteiro.”

Autor: Brasil Energia

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