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Racionamento à vista em 2015

17.10.2014

O governo mantém-se fiel à crença de que não haverá necessidade de racionamento. Mas, com os reservatórios das hidrelétricas se aproximando de níveis abaixo dos registrados em 2001, quando foi feito o racionamento de energia elétrica, cresce entre especialistas a percepção de que, se confirmadas as atuais previsões meteorológicas (um verão de temperaturas altas e poucas chuvas), há risco de ocorrerem o que eles chamam de "miniapagões" ou "apaguinhos" Brasil afora. O risco maior, entretanto, seria após o verão, a partir de abril de 2015: se os reservatórios não conseguirem entrar na estação seca em nível confortável cerca de 40% de sua capacidade - o governo poderá ser obrigado a tomar medidas mais drásticas. Coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL), Nivalde de Castro, considera que hoje o país tem um sistema elétrico mais robusto do que em 2001. Mas alerta que ele não está imune a um quadro de chuvas abaixo do esperado no verão. "Os investimentos e o planejamento foram feitos, mas como a seca dura desde outubro de 2012, entraremos no mês de novembro muito dependentes do nível das chuvas. Se chover abaixo da média histórica, certamente o governo terá que adotar medidas de racionalização até abril e se, não chover, fazer racionamento a partir daí", alertou. Em entrevista ao Brasil Econômico, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, descartou completamente a necessidade de racionamento. Ele alega que o sistema elétrico brasileiro oferece uma segurança muito maior do que em 2001, quando o risco de déficit no fornecimento chegou a 69,1% no Nordeste. "O risco de déficit para 2014 é zero. Para o período 2015-2018, conforme o Plano de Operação Energética 2014/2018, nas regiões Sudoeste/Centro-Oeste e Nordeste, é da ordem de 4,7% e 0,8%, respectivamente. Qual o critério de segurança estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética? Que esse indicador tem que ficar abaixo de 5%. Então, o meu sistema está equilibrado e eu estou com risco dentro daquilo que foi planejado", argumentou, referindo-se aos dados contidos na última nota do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE),divulgada na semana passada. Contudo, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, traça o mesmo cenário de Nivalde de Castro. "No verão teremos o risco elétrico, que ocorre quando, por exemplo, cai o fornecimento porque muitos ares condicionados ficam ligados ao mesmo tempo. Devem ocorrer ‘apaguinhos'. Além disso, se não chover muito, a probabilidade de racionamento a partir de abril é alta", considerou. Pires estima que o nível da água dos reservatórios deve chegar a um patamar de 15%a 17% em novembro. Segundo ele, o governo deveria ter iniciado medidas de contenção do consumo já no início de 2014. "Por exemplo, criar mais incentivos para que a população deixe de consumir e acelerar a implantação de centrais ainda em construções", concordou Adilson de Oliveira, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor geral do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da instituição.

Autor: CANAL ENERGIA

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