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Custo da energia para a indústria é maior do que em janeiro de 2013

01.11.2014

Pouco mais de um ano e meio depois do pronunciamento em rede de rádio e TV da presidente Dilma Rousseff anunciando redução na tarifa da energia — 18% para as residências e de até 32% para as indústrias, agricultura, comércio e serviços —, levantamento da Firjan aponta que o custo da energia elétrica para as indústrias, que à época teve redução de 28%, já é maior este mês do que em janeiro de 2013, quando a MP 579 entrou em vigor. O estudo, atualizado dia 27 deste mês, revela que o custo é de R$/MWh 342,74. Em janeiro do ano passado era de R$/MWh 263,00. Para dezembro deste ano, segundo a Firjan, a previsão é que chegue a R$/MWh 360,00. O custo da tarifa residencial também vem subindo. Em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou reajuste de 28,99% nas tarifas de baixa tensão (residenciais) da distribuidora AES Sul para o estado do Rio Grande do Sul. Em junho, a Copel, do Paraná, foi autorizada a reajustar as tarifas residenciais em 33,49%. A Celpe, em Pernambuco, reajustou em 17,69%. No Sudeste, consumidores de Minas, do Rio e de São Paulo viram o custo aumentar. A mineira Cemig, por exemplo, reajustou em 14,24%. No Mato Grosso do Sul, a Enersul, em 9,4%. — O que Dilma fez não foi de todo mau, a intenção era boa, mas foi de forma drástica. A maneira como a redução foi conduzida (MP 579) causou desbalanço grande para as distribuidoras e houve ainda o despacho térmico. A canetada foi sentida menos em 2013, é sentida agora e vai ter reflexo em 2015 — diz Mônica Souza, consultora da Gas Energy. — A redução para a indústria foi eliminada semana passada, e a previsão que fizemos anteriormente para dezembro foi atingida em agosto — conta Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial e investimentos do Sistema Firjan: — A tendência é de alta para 2015 por conta dos aportes no setor e a necessidade de continuar com as termelétricas, graças à seca. De acordo com o levantamento da Firjan, o Brasil tem o 8º maior custo de energia para a indústria dentre 27 países pesquisados. Por aqui, o custo é 167% maior que a média do custo nos Estados Unidos. Além disso, quando comparado com China e Rússia — que fazem parte do BRICs —, o Brasil também tem custo superior. — A MP foi imposta, e agora algumas distribuidoras precisam de aportes. O governo simulou que todas as concessões seriam renovadas e determinou um valor. Mas algumas distribuidoras não aceitaram. O preço subiu no mercado à vista, parou de chover, as termelétricas tiveram que ser usadas e isso abriu um rombo nas distribuidoras — explica Prado: — O governo tenta combater os efeitos colaterais, mas eles vão impactar em 2015, 2016, 2017… As indústrias vão tentando se adaptar, mas a preocupação existe. Que ações o governo fará para reduzir o custo de forma segura? Impostos federais e estaduais oneram o custo; e, até agora, 48 das 63 distribuidoras tiveram reajustes aprovados. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, “a redução de custos com a edição da MP 579/12 foi estrutural, reduziu em média 20% as tarifas de energia, tendo esse efeito sido bem superior para o consumidor cativo industrial, considerando sua maior participação na carga contratada. Independentemente desse fato, a tarifa teria crescido para cobrir os custos incorridos pelas distribuidoras para aquisição de energia para suprir seus consumidores, industriais ou não, em função do cenário hidrológico desfavorável. Sendo assim, o efeito desse aumento de custo teria sido bem mais perverso e oneroso à indústria se a redução estrutural de tarifas não tivesse ocorrido”. Advogado especializado no setor elétrico e presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica, Alexei Vivan diz que, a curto prazo é difícil encontrar solução, mas que a médio e longo é possível reduzir o custo: — O benefício da MP já foi anulado. Todos somos a favor de reduzir tarifa, já que tarifa elevada provoca inadimplência e perda de competitividade, mas o governo tem que investir na melhora do serviço, na manutenção dos parques de transmissão, em novas obras, tem que privilegiar a eficiência das empresas. E é necessário dar ao investidor percepção de risco menor e segurança jurídica.

Autor: O Globo

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