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IPCA vai a 8,13% e atinge o maior patamar em 11 anos; eletricidade representa mais da metade do índice de março

10.04.2015


Sob forte pressão da energia elétrica, a inflação oficial do país atingiu 8,13% em março no acumulado em 12 meses, mais alto patamar desde dezembro de 2003. Com a revisão tarifária (aumento extraordinário) e o reajuste da bandeira vermelha --usada nos casos de maior uso de energia térmica--, as contas de luz ficaram 22,08% mais caras em relação a fevereiro, somando uma alta de 60,42% em 12 meses. O reajuste, aliado ao avanço dos preços dos alimentos, levou o IPCA de março a 1,32% --para os meses de março, é a maior alta desde 1995 (1,55%), primeiro ano completo do Plano Real. O resultado mensal foi o mais elevado desde fevereiro de 2003 (1,57%) Sozinho, o aumento da energia correspondeu a mais da metade (54%) do IPCA de março. Com o resultado de março, a inflação do primeiro trimestre fechou em 3,83%. Ou seja, em apenas três meses já se consumiu mais da metade do teto da meta do governo --de 6,5%. Com esse cenário, analistas esperam um aperto maior do BC em sua política de aumento de juros para conter o consumo e compensar reajustes de preços controlados pelo governo, como a energia. "O BC deve intensificar a alta de juros para manter a inflação abaixo de 8%", diz Marcel Caparoz, economista-chefe da RC Consultores. O BC vem elevando a taxa básica (Selic) desde outubro,, e hoje ela está em 12,75%. De acordo com o especialista, um sinal de que ainda há espaço para esfriar mais o consumo é a alta dos alimentos no mês passado (1,17%). Os dados de março mostram ainda, pela primeira vez, indícios de que a alta do dólar impulsionou preços de alimentos como óleo de soja, biscoitos e pão (todos com matérias-primas cotadas na moeda americana). O impacto apareceu ainda em artigos de higiene e limpeza. A estiagem prolongada até fevereiro e as recentes e intensas chuvas em algumas regiões, afirma, também afetaram o custo dos alimentos. FREIO NOS SERVIÇOS Com juros mais altos, rendimento em desaceleração, desemprego mais elevado e reajustes de importantes itens da cesta de consumo, diz Caparoz, os consumidores ficaram mais seletivos e focaram seus gastos em artigos prioritários. Tal comportamento já se refletiu numa freada dos preços de serviços, que nos últimos anos subiram acima da inflação. Em 2014, esse agrupamento avançou 8,32%, ante 6,41% do IPCA. Em 12 meses até março, os serviços acumularam alta de 8,02%, abaixo do IPCA no período. Em março, o avanço de 0,58% correspondeu a menos da metade do IPCA "cheio".

Autor: Folha de S. Paulo

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