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GNL deve ganhar força no leilão A-5

17.04.2015


Após anos de dificuldade na obtenção de oferta de gás natural para abastecer usinas térmicas, as geradoras devem conseguir habilitar projetos para o leilão A-5 de energia, que ocorre no fim do mês e licita projetos com previsão de entrega em 2020. Além da queda nos preços do gás natural liquefeito (GNL), que viabiliza a importação, o Valor apurou que a Petrobras está pela primeira vez oferecendo um pacote de serviços que inclui a regaseificação e transporte do insumo para abastecer os empreendimentos. A AES Tietê conseguiu o suprimento de gás natural para abastecer uma termelétrica de 550 megawatts (MW) em Canas, no interior de São Paulo, disse o presidente Britaldo Soares. O projeto da usina está pronto, com licença prévia desde 2011, mas não saiu do papel por conta da dificuldade de obtenção de suprimento de gás. A licença vence em outubro de 2016. Segundo Soares, a Tietê fará um "swap" de GNL com a Petrobras. No arranjo, a companhia garante o GNL para os terminais de regaseificação da estatal que, por sua vez, fornece o produto via gasodutos para a usina, reduzindo os custos logísticos. A Copel utilizará a mesma estrutura de oferta de gás para viabilizar a expansão de 200 MW da térmica de Araucária, no Paraná, cadastrada para o A-5. "Já temos o fornecedor do GNL, com uma proposta que atende bem às condições do leilão", afirma Jonel Iurk, diretor de novos negócios da companhia. Com a oferta nacional praticamente controlada pela Petrobras, as empresas vinham enfrentando grandes dificuldades de garantir gás para gerar energia. A estatal tem controle sobre os gasodutos que abastecem o país e consome todo o gás que produz, e, portanto, não tem excedente. Os três terminais de regaseificação de GNL do país - no Ceará, no Rio de Janeiro e na Bahia - também estão sob controle da companhia. O apetite pela fonte é grande. No leilão A-5 realizado em novembro, foram cadastrados 39 projetos de térmicas a gás, com capacidade de 20,6 mil MW. Apenas seis deles, totalizando 4,1 mil MW passaram para a fase de habilitação, quando é necessário comprovar o acesso ao insumo. Agora, com a escassez de energia elétrica no país e a necessidade de expansão das térmicas de base, esse cenário está começando a mudar. "A Petrobras está muito mais disposta a viabilizar alternativas", disse um alto executivo do setor. "A gente percebe um movimento muito mais pró-ativo, que não via antes", ressaltou Iurk, da Copel. Procurada, a Petrobras não retornou o pedido de entrevista. A queda nos preços internacionais do GNL é outro ponto importante. Segundo relatório do Ministério de Minas e Energia, no ano passado, a cotação de referência do produto no mercado europeu caiu 20%, para US$ 8,47 por milhão de BTU. "O preço do petróleo caiu e entraram diversos projetos de GNL no mundo. Passamos de um ciclo favorável ao vendedor para outro favorável ao comprador", afirma Ricardo Pinto, da consultoria Gas Energy. A mudança na tendência de preços já estimulou investimentos. No último A-5, o gaúcho Grupo Bolognesi vendeu 1,2 mil MW de duas usinas térmicas, que serão abastecidas com o gás liquefeito. Para isso, vão erguer terminais de regaseificação, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Superada a questão da oferta de gás, o ponto agora é se o preço-teto de R$ 281 por megawata-hora (MWh) oferecido pelo governo para a energia oferecida pelas térmicas no próximo leilão acomoda os gastos. O valor é bastante superior aos R$ 209 por MWh propostos para a fonte no último certame. "Caber no preço, cabe. Mas vai ser apertado", afirma Thaís Prandini, da consultoria Thymos Energia. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há 31 projetos a gás cadastrados para o certame, com capacidade total de 15,4 mil MW.

Autor: Valor Econômico

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