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Setor elétrico apoia o ajuste, afirma Braga

29.05.2015


O pacote de ajuste fiscal de Dilma Rousseff ganhou o reforço do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, que defendeu o corte de gastos implementados pelo governo durante discurso no principal evento do mercado de energia do país, ontem, no Rio. Ele afirmou que o setor elétrico precisa se readequar à nova realidade mundial e acrescentou que a área deu grande contribuição para o plano de redução de gastos do Palácio do Planalto. "Fizemos uma mudança estruturante. Mudamos o posicionamento de subsídio do Tesouro na CDE [Conta de Desenvolvimento Energético] para o realismo tarifário", disse Braga, no Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase). Ele confirmou ter participado de reunião da força-tarefa do governo para negociar a aprovação de questões do ajuste fiscal no Congresso. Braga não descartou indicações políticas para cargos na pasta e nas empresas do grupo Eletrobras como moeda de troca para a aprovação do pacote de ajuste fiscal no Congresso. Disse, porém, que dará prioridade a nomeações técnicas. Neste mês, o ministro já implementou trocas em cargos importantes, como na secretaria executiva do MME, que foi ocupada por Luiz Eduardo Barata, ex-presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O diretor-geral da Agência Nacional de Energia elétrica (Aneel), Romeu Rufino, fez coro em prol do ajuste fiscal. Ele defendeu a redução dos subsídios ao setor elétrico, mas disse ser necessário preservar incentivos à tarifa social, para o consumidor de baixa renda. "Olhando isoladamente todos fazem sentido, mas é preciso revisitar esses subsídios", afirmou, indicando que a soma de todos os incentivos resulta em uma conta alta para o governo. Sobre o rombo bilionário causado pelo déficit de geração hídrica, Braga admitiu que é preciso discutir uma solução para o problema. "É óbvio que o risco do empreendimento é do empreendedor. Mas recomenda o bom senso dizer que o risco tem limite". Rufino também sinalizou que o custo de energia em 2016 deve cair ante 2015, principalmente devido à sinalização de melhora no cenário hidrológico. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, mais cauteloso, disse que não pretende desligar nenhuma termelétrica "tão cedo", mas acrescentou que a baixa atividade da indústria e a queda do consumo residencial ajudam o sistema. Em sua apresentação, Chipp fez um exercício e indicou que, para que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, cheguem a novembro (fim do período seco) com 20% de armazenamento, é preciso ocorrer um volume de chuvas de 83% do histórico para o período de junho a novembro. A meta anterior era chegar em novembro com 10% de estoque. Diferente do Enase de 2014, quando estava clara a falta de sintonia entre a cúpula energética de Dilma Rousseff e as empresas, neste ano o governo demonstrou maturidade e disposição para lidar com os entraves do setor. "Ficou bastante claro que há vontade de mudanças, de reconhecer problemas e de propor soluções", afirmou Luiz Augusto Barroso, diretor da consultoria PSR.

Autor: Valor Econômico

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