Menu

Notícias

Grandes consumidores voltam ao mercado livre

17.07.2015


O forte aumento das tarifas de energia das distribuidoras neste ano, fruto do realismo tarifário, fez ressurgir o movimento de migração de consumidores industriais e comerciais para o mercado livre, segundo comercializadoras de energia ouvidas pelo Valor. O custo da energia no mercado livre está hoje entre 12% e 22% mais baixo que no ambiente cativo, das distribuidoras, dependendo da região, de acordo com dados da consultoria GV Energy & Associados. "Tem aumentado muito a migração de consumidores, principalmente os consumidores especiais", disse o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) Reginaldo Medeiros. Pela lei, os consumidores especiais são aqueles cuja demanda contratada é igual ou maior que 500 quilowatts (kW) e que comprem energia de fontes renováveis. Segundo Medeiros, o movimento de migração ficou praticamente paralisado por um tempo, após a implantação da Medida Provisória 579/2012, que forçou uma queda de cerca de 20% do custo da energia para os consumidores cativos, das distribuidoras. Esse desconto, no entanto, já foi ultrapassado pelos recentes reajustes tarifários. Além da explosão tarifária das distribuidoras, outro fator que tem contribuído para a migração para o mercado livre é a queda dos preços nesse ambiente de contratação, fruto de uma desaceleração da atividade econômica do país. De acordo com dados da consultoria Thymos Energia, um contrato para início de fornecimento de energia em 2016, que era comercializado em fevereiro a R$ 330 por megawatt-hora (MWh), hoje sai por R$ 230/MWh. "A queda do preço se deve à redução da carga de energia e não a uma melhora da hidrologia", disse João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia. "Preço reflete risco. E, em fevereiro, o risco de racionamento era muito alto" disse Pedro Machado, sócio-diretor da GV Energy & Associados. De acordo com levantamento feito pela consultoria, o preço da energia para 2016 caiu de R$ 323/MWh, em fevereiro, para R$ 237/MWh, na sexta-feira. Nesta semana, considerando o reflexo da queda de 27% do preço da energia no mercado spot, o contrato para 2016 pode ser encontrado a R$ 209/MWh, segundo Machado. "Qualquer chuva que cair mais forte, vai derrubar esse preço", completou ele. A tendência, na avaliação do diretor da GV Energy & Associados, é de queda ainda maior do preço no mercado livre, em relação ao cativo. Isso porque, além da continuidade da trajetória de queda da atividade econômica do país, os preços no mercado cativo deverão continuar elevados até 2019, período em que as distribuidoras estarão pagando os financiamentos contraídos via Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), para evitar a exposição ao custo elevado de geração de energia termelétrica emergencial.

Autor: Valor Econômico

« VOLTAR