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Capacidade de transmissão de energia pode se esgotar em 2019

23.09.2015


O sistema elétrico brasileiro pode enfrentar o esgotamento da capacidade de transmissão do Norte, onde estão localizadas grandes hidrelétricas, para o Sudeste e Sul, principais centros consumidores, em 2019. Segundo alerta feito ontem pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), na prática, a rede de transmissão não seria suficiente para transportar toda a energia que será gerada no Norte nesse período, com a entrada em operação da hidrelétrica Belo Monte, de 11.233 megawatts (MW) de capacidade, no rio Xingu, no Pará. "Provavelmente não teremos condições para escoar toda a energia [do Norte] durante o período chuvoso", afirmou ontem Marcelo Prais, assessor da diretoria-geral do ONS, em conferência internacional de energia da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio). "Se não tivermos leilões de transmissão que deem conta dessa sinalização [de necessidade de novas linhas], poderemos ter dificuldade de escoamento mais para o fim do quinquênio [2015-2019]." O especialista do ONS lembrou que leilões recentes não tem atraído o interesse dos investidores para todos os lotes de transmissão que são ofertados. Para mitigar o problema, Prais também defendeu proposta que vem sido levantada pelo diretor-geral do órgão, Hermes Chipp, de realização de leilões de geração por região, estimulando a construção de outras usinas, principalmente térmicas, no Sul, por exemplo, região que possui déficit estrutural de energia. Questionado sobre o tema, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, presente ao evento, minimizou o problema. Segundo ele, há uma grande quantidade de projetos de linhas de transmissão enviada para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pronta para ser licitada. O presidente da EPE também afirmou que o risco de racionamento de energia no Nordeste este ano é zero. Segundo ele, a garantia de atendimento à região, que atravessa uma seca severa, é baseada principalmente por termelétricas e usinas eólicas que entraram em operação nos últimos anos. "Estamos passando por uma seca terrível, mas o risco de racionamento [no Nordeste] é zero, justamente por causa das térmicas que entraram [em operação] lá e por conta das eólicas. Em alguns dias as eólicas geram um pouco mais que hidrelétricas e térmicas. E eólicas e térmicas juntas estão gerando quase dois terços da energia do Nordeste", disse o executivo. Reportagem publicada ontem pelo Valor informou que, segundo especialistas do setor, o nível dos reservatórios das hidrelétricas do Nordeste pode chegar a menos de 10% em novembro, devido à escassez de chuvas, provocada pelo "El Niño", com possibilidade de apagões na região. O fenômeno climático pode ainda estender a falta de chuvas na região para 2016. "O Nordeste já tem há três anos uma seca enorme e, eventualmente, o 'El Niño' pode tornar o ano que vem também seco", afirmou Tolmasquim. Prais também descartou a possibilidade de déficit no abastecimento de energia no Nordeste em 2015, porém admitiu que o nível dos reservatórios da região pode não chegar a um limite confortável para o próximo ano. "Temos plenas condições de atender à carga do Nordeste sem interrupção, mas chegando ao fim do ano com um nível de armazenamento provavelmente não tão confortável como o da região Sudeste. Não vislumbramos questões de suprimento em 2015. A questão é como vai se configurar o próximo período chuvoso", explicou. Sobre a interrupção no fornecimento de energia ocorrido no domingo no Acre e Rondônia, o ONS informou, em relatório técnico, que o problema ocorreu por falhas nos sistema de transmissão que conectam os dois Estados ao sistema nacional.

Autor: Valor Econômico

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