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Nossas muitas fontes de geração

23.09.2015


A capacidade nacional de produzir energia sustentável é uma das maiores do mundo. Este foi o consenso entre os debatedores da quarta e última edição do encontro "O Brasil que o Brasil Quer" na Casa do Saber, em São Paulo. Com o tema Energia Sustentável, o debate contou com grandes especialistas: Elbia Silva Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica); Newton Duarte, presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN) e Ricardo Lamenza, vice-presidente sênior das divisões Power da Siemens no Brasil. A importância da diversificação A demanda por energia elétrica só aumenta: o crescimento da população mundial e as inovações no campo da tecnologia tornam a dependência desse recurso cada vez maior. Na matriz elétrica brasileira, a geração hídrica responde por 65,2% e a atual estiagem é um exemplo da necessidade de manter uma matriz diversificada, que atenda à sociedade sem, no entanto, causar impactos negativos ao meio ambiente. Algumas fontes renováveis, como a solar, a biomassa e a energia eólica, têm provado seu valor com resultados extremamente significativos." O Brasil é hoje, em termos de matriz energética e elétrica, o país mais renovável do mundo", afirma Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica( ABEEólica). "Uma matriz sustentável envolve segurança no abastecimento, competitividade e sustentabilidade ambiental. Recursos o País tem; o grande desafio é fazer a gestão dessa riqueza", ressalta. Para o presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN),Newton Duarte, o País está diante da oportunidade - e da necessidade - de continuar a expansão do setor elétrico com fontes renováveis. "Nos últimos dez anos a cogeraçãocresceude4milpara14 mil megawatts", revela. E acrescenta: "No caso da biomassa, por exemplo, temos um fantástico potencial. Há cerca de 350 usinas de açúcar e etanol produzindo no Brasil. Dessas, 125 exportam energia de sua cogeração". Quando o assunto são as termelétricas, é essencial desassociá-las do conceito de ‘extremamente poluente', comum no passado. "Hoje devemos pensar em termelétricas a gás, planejadas e eficientes", pontua Ricardo Lamenza, vice-presidente sênior das divisões Power da Siemens no Brasil. "Esse é o papel da tecnologia: aperfeiçoar. Nós mesmos temos desenvolvido turbinas extremamente eficientes, como nossas maquinas H, com tecnologia comprovadademaisde250 mil horas de operação comercial e com baixos índices de emissões, além, claro, de ajudar a poupar água para quando ela for necessária na geração", reforça. Sustentabilidade: Palavra-chave Muitos efeitos na economia decorrem da geração sustentável de energia. Portanto, mais do que a própria geração de energia elétrica em si, a preocupação com a sustentabilidade somada à tecnologia afeta o bolso de grandes indústrias, empresas e consumidores finais. Newton Duarte, da COGEN, exemplifica a partir das termelétricas: "hoje já é possível gerar energia elétrica com os gases das saídas de motores das turbinas. Gera-se água gelada para o ar-condicionado e água quente, por exemplo, num hospital ou hotel, de forma que você consegue atingir até mais que 90% de eficiência da molécula do gás metano". Isso significa fazer o melhor uso possível da molécula do gás e suprir de energia e de ar-condicionado shoppings centers, hotéis e prédios de escritórios. A fonte eólica, por outro lado, tem levado crescimento e desenvolvimento sócio-econômico às regiões que são carentes de oportunidades. O grande potencial eólico brasileiro está no semiárido nordestino. "Como sabemos, é uma região de difícil produção de agricultura e pecuária, mas que agora está aproveitando o vento", diz Elbia, da ABEEólica. Hoje a população está colhendo o vento e transformando-o em prosperidade". Na prática, as famílias recebem cerca de um salário mínimo por mês para cada torre que está no fundo de seu quintal. Antes, explica Elbia, muitas dessas famílias viviam com um salário mínimo por ano. "Isto é o que nós economistas chamamos de efeito multiplicador, que é até mais fantástico do que a própria produção de energia elétrica em si". Para Ricardo Lamenza, daSiemens, o aumento das tarifas elétricas, principalmente nas indústrias, acelera a necessidade de aperfeiçoar os modelos do nosso sistema. "É preciso, rapidamente, trazer estabilidade para a matriz energética brasileira, com sistema regulatório adequado e sem grandes mudanças de uma hora para outra". E completa: "O Brasil possui todas as condições para ter nos próximos dez anos uma matriz sustentável e equilibrada".

Autor: Estado de S. Paulo

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