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Horizonte mais claro no mercado livre

28.10.2015


O cenário de dificuldades para fechar contratos de energia no mercado livre que se verificava há um ano não é o mesmo, e os preços não se encontram tão elevados – mas ainda não encontraram a normalidade esperada pelo setor. Quem olha o cenário atual, com vistas a 2016, vê um outro quadro, muito diferente de outubro de 2014, quando os preços do megawatt-hora para este ano na casa dos R$ 415,00. Alguns especialistas ouvidos pela reportagem avaliam que os preços da energia devem se manter no ano que vem entre R$ 150/MWh e R$ 200/MWh, com a ressalva de que o preço pode mudar de patamar dependendo do quadro climático futuro. Esse preço, na prática, replica o PLD verificado em setembro. Uma boa notícia veio do governo: ao editar a MP 688, o governo permitiu que as usinas que não aderiram à MP 579 e serão relicitadas este mês poderão vender até 30% da energia para o mercado livre, algo da ordem de 1 mil MW médios, segundo os especialistas do setor. João Carlos Mello, presidente da Thymos Consultoria, concorda, acrescentando que o impacto desse aumento de oferta deve ser pequeno, da ordem de 7%, mas ainda assim, positivo. Alessandra Amaral, presidente da Energisa Comercializadora, porém, avalia que a essa energia já está precificada pelo mercado livre, sem maiores impactos sobre os preços. A outra boa notícia veio dos céus, com a chuva atípica verificada já a partir de julho, mas intensificada entre o final de agosto e na primeira metade de setembro. A hidrologia mais favorável, a redução da demanda, especialmente pelas indústrias, e o desligamento de 21 térmicas com custo de combustível acima de R$ 600/MWh formaram um conjunto de fatores que pesaram a favor sobre o preço de curto prazo, segundo Alessandra, da Energisa. O nível de armazenamento do submercado Sudeste/Centro-Oeste, que concentra dois terços da capacidade total dos reservatórios, era de 37,42%, contra 34,36% um ano antes. Em agosto (o mês mais recente disponível até o fechamento desta reportagem), o armazenamento médio era de 34,26%, contra 30,25% no ano anterior. A Dcide Consultoria projeta preços abaixo de R$ 190/MWh no ano que vem. “Foi uma queda bastante importante”, avalia Patrick Hansen, sócio-diretor da Dcide. Já a partir de 2017, o horizonte fica mais atrelado à liquidez, segundo os especialistas. Para Hansen, da Dcide, a alta carga tarifária levou empresas a adotarem medidas de eficiência energética como prevenção contra a sangria que as contas de luz podem causar. “Mesmo que o PIB volte a crescer, [a demanda] não deve aumentar tão rapidamente”, avalia o executivo. Migração em alta Ao mesmo tempo que se constata menor demanda, o que se verifica é um aumento na migração dos consumidores, atraídos pelos preços mais em conta, frente ao ambiente cativo, impactado pelas bandeiras tarifárias vermelhas, pelos reajustes extras concedidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo pagamento dos empréstimos sindicalizados socorrer as distribuidoras. “A atenuação dos preços no mercado livre, atrelada a um aumento tarifário e uma situação econômica adversa, faz com que a reação seja de migração”, destacou Alessandra. Segundo os especialistas, há casos que os reajustes tarifários equivaleram a uma alta da ordem de 100%, ao passo que a migração assegurou a esses clientes uma economia entre 20% e 40%.

Autor: Brasil Energia

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