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Consumo de energia tem maior queda desde o racionamento

07.01.2016


A crise econômica e os aumentos na conta de luz levaram o país a registrar queda de 1,8% no total de energia gerada em 2015, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), considerando o consumo e as perdas técnicas. Trata-se da primeira queda desde 2009 e do recuo mais intenso desde 2001, ano do racionamento de energia, quando o consumo havia recuado mais de 7%. De acordo com dados do Boletim de Carga Mensal do ONS, nas regiões Sudeste e Centro Oeste, responsáveis por 60% do consumo do país, a queda no consumo chegou a 3,2%, mesmo percentual de recuo registrado também no S ul do país. O consumo na região Nordeste cresceu 3,2% e no Norte do país avançou 1,7%. O ONS atribui o resultado no Nordeste ao impacto menor da "conjuntura econômica adversa" e a temperaturas mais elevadas do que no ano anterior. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que registra o consumo por classe, o consumo industrial acumula queda de 4,7% nos últimos 12 meses até novembro (último dado disponível). Nesta base de comparação, o consumo residencial acumula queda de 0,4%. Segundo o ONS, em dezembro, o total de energia gerada no país foi de 65.306 Megawatts (MW) médios, uma queda de 0,5% em relação ao mesmo mês de 2014. O resultado, porém, mostra ligeira recuperação, de 0,6%, frente ao mês anterior. O ONS atribui o desempenho em dezembro ao movimento de normalização de estoques na indústria e a uma tímida melhora nas expectativas, mas cita no relatório o cenário econômico de 2015, marcado pelo alto endividamento das famílias e por taxa de juros e desemprego elevados. ‘REAJUSTES FICARÃO ACIMA DA INFLAÇÃO' De acordo com o presidente da empresa de consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, o consumo da indústria está em queda desde 2010, mas a demanda total de energia permanecia positiva em razão do consumo residencial e comercial. Em 2015, porém, o reajuste das tarifas reduziu a demanda nas residências. No ano passado, a energia elétrica registrou alta de 50,49% até novembro, segundo dados do IBGE. - O consumo caiu com a crise econômica e o aumento tarifário estrondoso. O volume de energia que se previa consumir em 2016 só vai ser atingido em 2019. Isso mostra que a política energética precisa mudar - destacou Mello. Para Raimundo Batista, diretor-presidente da comercializadora Enecel Energia, o aumento das tarifas reduziu drasticamente a demanda. - Isso (a queda na demanda) é resultado da aplicação da realidade tarifária do governo. E o consumidor teve que mudar de hábitos. Neste ano, os reajustes também ficarão acima da inflação - prevê. No fim do ano, o consumo nas regiões Sudeste e Centro-Oeste avançou 1,2% na comparação com novembro. O ONS destacou que o forte calor registrado em dezembro também contribuiu para o aumento do consumo. O ONS destaca em que o forte aumento das tarifas de energia elétrica vem se refletindo nos padrões de consumo e contribuindo decisivamente para a redução da carga de energia gerada no país, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e Sul, onde o impacto tarifário tem sido maior.

Autor: O Globo, 06/01/2016

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