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Crédito de energia trava venda da BR

25.02.2016


A necessidade de venda de ativos, e a reestruturação de gerências, são alguns dos principais tópicos que devem ser discutidos em reunião do conselho da Petrobras, na próxima sexta-feira. Uma fonte ouvida pelo Valor explica que a dívida das subsidiárias da Eletrobras e da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), na região Norte, está sendo vista como um entrave para a venda da BR Distribuidora - credora daquelas duas subsidiárias. "Os investidores olham a dívida e não querem assumir um risco desses, pois o cliente que não paga é o governo", disse uma fonte qualificada. A estatal, na reunião, deve debater ainda sobre os 2.257 gerentes que perderão os cargos na empresa, bem como o executivo que será confirmado na diretoria de Abastecimento, hoje ocupada por Jorge Celestino. Como Hugo Repsold perdeu o cargo com a extinção da diretoria de Gás e Energia, ainda não se sabe em que cargo ficará ao final da reestruturação. No balanço do terceiro trimestre, o último disponível, a Petrobras contabilizava R$ 15,7 bilhões em créditos a receber pelo suprimento de óleo combustível, gás natural, energia e outros produtos vendidos para termelétricas controladas da Eletrobras, e para concessionárias estaduais e produtores independentes de energia na região Norte. O calote corresponde a quase sete vezes os R$ 1,9 bilhão arrecadados com a venda da Gaspetro, e subiu no ano passado. Para se ter uma ideia, toda a dívida registrada no quarto trimestre de 2014 era de R$ 12,79 bilhões. A liquidação duvidosa da dívida do setor elétrico é que está afastando potenciais compradores da BR. Da dívida total até setembro de 2015, R$ 10,396 bilhões eram devidos pelas controladas da Eletrobras, R$ 1,58 bilhão devidos pela Cigás e R$ 788 milhões pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), controlada pelo governo estadual. Para arrecadar US$ 14,4 bilhões neste ano, a Petrobras pôs à venda ativos como Transpetro, Braskem, Liquigás, usinas termelétricas, a NTS (Nova Transportadora do Sudeste, resultado da cisão da TAG), além dos terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL) do Rio e Pecém, das fábricas de fertilizantes e fatias em campos de exploração e produção de petróleo. O número de ativos à venda é dinâmico, como explicaram os diretores Ivan Monteiro e Solange Guedes, respectivamente de Relações com Investidores e de Exploração e Produção, em entrevista em meados de janeiro. Ali, os diretores frisaram que a Petrobras, notoriamente uma empresa com dificuldade de se desfazer do portfólio, está disposta a não só vender ativos como abrir mão do controle. "O fato é o seguinte, você, por algum acaso, vê que está acontecendo alguma coisa nova com a Petrobras nos últimos anos? Tem alguma coisa? Tem ouvido falar alguma coisa sobre Petrobras? Eu estou só falando isso porque essa mudança radical como empresa, [nós] nunca tivemos em uma situação que estivesse demandando tanto esforço da companhia como agora. Isso é uma oportunidade de mudar culturas também", disse, na ocasião, a diretora de exploração e produção da estatal. Naquela entrevista, Solange Guedes garantiu que a empresa trabalha com muitas oportunidades sobre a mesa, observando ainda que não se deve observar o interesse pelos ativos considerando apenas as perspectivas para o preço do petróleo Brent. O esforço da Petrobras agora é hercúleo. Tenta adequar custos e investimentos a um cenário turbulento, de preços deprimidos, enquanto reduz sua força de trabalho, em meio às investigações internas e as da Lava Jato, da Polícia Federal (PF), que está na 23ª fase de investigações sobre subornos pagos a ex-funcionários da estatal. Não é de fazer inveja a nenhum executivo ou empresa. Com uma situação de caixa complicada, a estatal adiou para 2019 o plano de revitalização do campo de Marlim, um dos "velhos" gigantes da Bacia de Campos, e reduziu a previsão de investimentos em 2016 para US$ 20 bilhões, ante de US$ 23 bilhões. Todavia, analistas e executivos com trânsito na empresa dizem acreditar que ela só vai conseguir aplicar de US$ 15 bilhões a US$ 16 bilhões neste ano.

Autor: Fonte: Valor Econômico

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