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Barata, do ONS, defende revisão extraordinária da carga

04.05.2020


O aprofundamento da crise causada pela pandemia do coronavírus (covid-19) deve justificar uma revisão extraordinária da previsão de carga do país, disse Luiz Eduardo Barata, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), durante o evento Agenda Setorial, promovido pelo Canal Energia e transmitido por videoconferência.

A última revisão quadrimestral de carga, publicada no fim de fevereiro pelo ONS, pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), usava como premissa um crescimento nulo do PIB neste ano. Desde então, a crise se aprofundou e as projeções indicam recessão de mais de 3%.

"Precisamos, sim, rever. Caso contrário, vamos ficar com estudos absolutamente distanciados da realidade. A queda da carga é brutal", disse Barata durante o evento. "Óbvio que precisamos de autorização extraordinária da agência, e não pode ser algo feito toda hora", disse ele, se referindo à Agência Nacional de Energia Elétrica. O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, participava da videoconferência e não comentou o assunto.

O presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, concordou que há uma "janela de oportunidade" para a revisão da carga, mas ressaltou que não pode ser algo "banalizado". "É melhor ter clareza do cenário e hoje não temos clareza", disse Altieri, se referindo à fala do presidente da EPE, Thiago Barral, que tinha dito antes sobre a falta de certeza sobre o desempenho da economia neste ano.

Termelétricas mais baratas

Outra oportunidade surgida pela crise, segundo Altieri, é a troca do parque termelétrico instalado no país por novas usinas mais baratas. "Precisamos tomar a decisão de colocar no papel que a partir de agora não contrataremos mis térmicas com CVU acima de X", disse ele, sugerindo que o teto do leilão que aconteceria hoje e foi suspenso, de R$ 300/MWh, pode ser a referência.

Se isso for obtido, a operação do sistema mudará "radicalmente", disse Altieri. Segundo ele, se o CVU máximo a partir de agora for esse, o preço de liquidação das diferenças (PLD) será reduzido em 20% a 30%. "É fundamental que as instituições adotem essa bandeira e implementem a medida", disse. 

"Em nossa visão, do ponto de vista de planejamento, térmica cara é aquela contratada sem sintonia com o que o sistema precisa", disse Barral. Ele destacou que térmicas com CVU mais baixo, mas sem flexibilidade, podem sair mais caras, por exemplo, dependendo da localização do empreendimento e da necessidade sistêmica. 

Nesse sentido, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, lembrou que na última reunião colegiada a agência deu um passo importante nesse sentido ao abrir uma consulta pública para descontratar uma termelétrica cara hoje alocada na Ceron (RO). "Esse é um projeto piloto que pode avançar para descontratação de térmicas caras nas concessionárias do Norte, com impacto positivo na tarifa", disse ele, lembrando que isso foi possível apenas com o diálogo estabelecido com a usina.

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Autor: Camila Maia

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